A internet está cheia de: Saia da sua zona de conforto. Seja ousado. Procure conhecer o que tem depois do medo. Dê o seu máximo. Trabalhe enquanto os outros estão dormindo…
E a gente está sempre em busca de algo. Um curso. Um hobby. Um esporte. Uma promoção. Novos amigos. Novas experiências. Novos lugares e por aí vai.
Há uns bons 15 anos ouvi de um senhor bem mais vivido do que eu, que as oportunidades estão sempre aí e você precisa estar preparado para quando ela chegar. Aquilo me marcou muito e eu internalizei de modo que não me permitia ficar parada. E emendei um projeto atrás do outro, sugando experiências, cursos e informação feito uma esponja recém desempacotada.
Concordo que mar calmo não faz bom marinheiro, mas acontece que você coloca a tal meta na cabeça, trabalha pra isso e…chega lá nos famosos dias de glória.
Não era a hora de permanecer confortável nessa banheira da conquista? Você não precisa correr tanto e agora pode aproveitar o que tem.
Tive (tenho) muita dificuldade em curtir essa fase. Depois de anos buscando algo, fazendo uns sacrifícios aqui, passando por muitas dúvidas ali, você chegou.
E agora? O que tem depois da linha de chegada?
Não ter nenhum grande objetivo a perseguir. Ter tempo livre para fazer o que quiser, inclusive nada. É uma sensação de tempo perdido. Parece que falta algo. Mas não precisava ser assim. A gente deveria se permitir ter esses momentos de pausa e poder saborear a fase. Não é à toa que temos a sensação de que o tempo está passando rápido demais.
Esses dias fiz uma aula experimental de Kaiut Yoga. Quando cheguei ainda faltava uns 10 minutos, então fui orientada a deitar no tapete com as pernas pra cima apoiadas na parede. E eu fiquei ali. Sem fazer nada. E foi ótimo.
Foi ótimo porque me desconectei de qualquer eletrônico, mudei o fluxo de circulação do sangue, que sofre com tantas horas trabalhando sentada, mas principalmente me dei conta de que eu tinha tempo livre para ter essa experiência e a cabeça relativamente sossegada para absorvê-la.
Como é bom ter tempo. Muitos dizem ser o bem mais valioso. Quanto mais os anos se vão, percebo o quanto isso é verdade. Mais importante do que embarcar em um trem atrás do outro, é bom descer numa estação vez ou outra (cada vez mais) para apreciar a paisagem, pegar um sol, tomar um café e reavaliar a rota.
A zona de conforto não deveria ser um problema por si só. O problema está em querer algo diferente e permanecer no mesmo lugar. Mas se você está bem nela, por que não aproveitar? Abrir espaço para viver e parar de (per)correr.